• Quem é Renata Souza

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    Renata Souza é a mulher mais votadada história da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Em 2022, reelegendo-se deputada estadual, alcançou esse recorde com o voto de 174.132 pessoas. Atualmente, épresidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM) da Alerj. Renata é cria da Maré (complexo de favelas da Zona Norte do Rio), jornalista e pós-doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ.

     

    Negra e feminista, Renata atua nadefesa dos direitos humanos há mais de 20 anos. Foi chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco. Na Alerj, presidiu a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania e a Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria e à Extrema Pobreza.

     

    Em 2020, Renata foi candidata aprefeita do Rio de Janeiro pelo PSOL. A primeira mulher a disputar o cargo pelo partido.

     

    Em 2018, quando foi eleita para oseu primeiro mandato, conquistou o voto de 63.937 pessoas, sendo a deputada estadual mais votada da esquerda naquela eleição. Como militante e deputada, aposta na transformação real da sociedade através da luta coletiva para construir um Brasil diverso como seu povo e com esperança de justiça, reparação e dignidade para todos.

     

    Renata Souza já publicou quatrolivros. Além dos livros Cabeça erguida (Rubra,2022) e Cria da favela (Boitempo,2020), também lançou Ubuntu: negrasutopias (Selo Luiza Mahin, 2020), em coautoria com Muniz Sodré e SeymourSouza, e Diálogos sobre gênero, raça eclasse (Selo Luiza Mahin, 2019), dividindo a organização com RonilsoPacheco, o livro tem a participação de Silvio Almeida, Thula e Pires e Ana Flávia Magalhães Pinto.

     

    Passos que vêm de longe

     

    Em outubro de 2006, com oassassinato de Renan da Costa, de 3 anos, filho de sua ex-cunhada, a militância de Renata Souza ganhou um novo significado em sua vida. A morte do menino foi o gatilho para que a pauta da Segurança Pública ganhasse centralidade nas ações da jovem moradora da Maré que, a partir deste fato, se envolveu ainda mais nos movimentos sociais, na luta pelo direito à vida.

     

    A deputada estadual ultrapassoudiversas barreiras econômicas e sociais para ingressar na universidade. Renata Souza foi a primeira de sua família a ingressar na faculdade. Ela estudou Jornalismo, com bolsa integral, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). A universidade também é uma de suas trincheiras de luta. Sendo uma mulher, negra, feminista, favelada e intelectual, ultrapassar o machismo, racismo e classismo exigiu o reconhecimento de sua condição na sociedade. Ao compreender que a construção do conhecimento deve servir para superar as desigualdades sociais, aliou reflexão teórica e ativismo político ao defender sua tese de doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2017, sobre Segurança Pública a partir de uma perspectiva de garantia dos Direitos Humanos com o título: “O Comum e a Rua: Resistência da Juventude Frente à Militarização da Vida na Maré”.

     

    Como comunicadora popular, RenataSouza atuou por mais de 15 anos em diferentes favelas para inserir a luta em defesa da vida na pauta da comunicação comunitária. Enquanto jornalista, Renata se dedicou a furar o bloqueio da mídia tradicional e humanizar a cobertura dos casos de violência praticados pelo Estado para evitar que a vítima, em sua maioria preta, pobre e favelada, seja criminalizada nas manchetes midiáticas.

     

    Amiga e companheira de militância deMarielle Franco desde 2000, quando frequentaram o mesmo pré-vestibular comunitário. Ao assumir o cargo de vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco convidou Renata para ser sua chefe de gabinete. Com a execução sumária da vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, Renata Souza se viu diante de dois caminhos: deixar a militância ou se candidatar e dar seguimento à luta de sua amiga e de todas as mulheres negras, a luta pela vida.

     

    O assassinato de uma parlamentarameaça toda a sociedade e a democracia e não pode impor aos que lutam o medo paralisante. Compreendendo a urgência da luta por direitos sociais e contra a violência política, Renata encarou o desafio de se tornar deputada estadual.

     

    Direitos humanos

     

    Renata Souza articula redesnacionais e internacionais de direitos humanos. Atuou pessoalmente como interlocutora entre a relatora sobre execuções sumárias, extrajudiciais e arbitrárias das Nações Unidas (ONU), Agnès Callamard, e a família do jovem Marcus Vinícius da Silva, que foi assassinado em 2018 por agentes de segurança do Estado. No mesmo ano, a deputada também apresentou denúncias nos encontros realizados com Margarette May Macaulay, comissária Interamericana de Direitos Humanos e relatora sobre os Direitos das Mulheres e sobre os Direitos de Afrodescendentes da OEA.

     

    Além do conhecimento e experiênciatão necessários para o cotidiano de uma Casa legislativa, Renata traz uma grande bagagem de experiências cotidianas para contribuir na luta contra qualquer forma de violência contra as mulheres, negros, moradores de favela e pessoas LGBTQIA+.