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VÍDEO: moradores da Maré denunciam abusos em ação policial, e governo pede investigação

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VÍDEO: moradores da Maré denunciam abusos em ação policial, e governo pede investigação

Moradores do Complexo da Maré denunciam que policiais do Bope e da Core invadiram casas e revistaram celulares sem autorização judicial nesta quarta-feira (11). As forças de segurança iniciaram o 3º dia de operações conjuntas contra o tráfico de drogas no RJ, e agentes foram novamente para o Complexo da Maré, alvo das ofensivas desde o início da semana, além dos complexos de Israel e do Chapadão.

Uma moradora da Vila do João gravou a residência toda revirada após os agentes de segurança pública entraram na casa, na manhã desta quarta-feira (11), em busca de criminosos (veja acima). Na residência só estavam ela, o esposo e os filhos. Nada foi encontrado.  

O g1 apurou que nenhum agente do Bope nem da Core estava com câmera corporal.

Fuzil na janela

 

Policiais apontam arma para dentro de casa — Foto: Reprodução

Nesta quarta-feira, diferentemente dos outros dias da ofensiva, a imprensa não pôde acompanhar do Centro Integrado de Comando e Controle a movimentação das tropas. Na segunda (9) e na terça (10), imagens de drones da polícia e de câmeras corporais dos policiais foram transmitidos e vistos por todos no CICC.

O g1 apurou que o governo do estado vai pedir à Corregedoria da PM que acompanhe e investigue possíveis ilegalidades no Complexo da Maré.

Nesta quarta, as polícias Civil e Militar miram chefes do Terceiro Comando Puro (TCP), a segunda maior facção criminosa do estado. São 51 mandados de prisão pendentes. Até a última atualização desta reportagem, 12 pessoas haviam sido presas, e 6 fuzis foram apreendidos.  

Nas redes sociais, moradores relataram intenso confronto na Vila do João e na Vila dos Pinheiros, na Maré.

Portas arrombadas

Deputados e vereadores de Comissões de Direitos Humanos afirmam que estão recebendo diversos relatos de residentes da Maré sobre as arbitrariedades.

 

Moradores da Maré denunciam que PMs estão invadindo e destruindo casas durante operação

Uma moradora conta que agentes estão usando chave-micha [uma ferramenta que serve na maioria das fechaduras] para abrirem as casas.

"Eles abririam [a minha casa quando] eu estava no quarto. Eles estão abrindo com a chave-micha. Eu estava na minha casa agora e quase derrubaram a porta da sala. Eu desci, dei bom-dia, [em seguida o] meu marido desceu e perguntou se eles queriam entrar. Falamos que tinham os meus filhos em casa e eles foram embora. Eles estão abrindo todas as casas", denunciou uma moradora da Vila do João.

Uma outra mulher contou que, quando saiu para trabalhar nesta quarta, um Caveirão [um veículo blindado] entrou na região atirando e chegou a derrubar a moto em que estava.

"Eles deram muitos tiros para cima da gente. O Caveirão bateu de frente com a gente e nos jogou no chão. Estou toda machucada", relatou.

Uma terceira moradora afirmou que os agentes estão destruindo bens de quem vive na região e, sem permissão da Justiça do RJ, revistando celulares.

 

Agentes das forças de segurança do RJ na Maré — Foto: Reprodução

"Ontem, o meu marido veio com o carro do trabalho e eles quebraram o retrovisor. O carro estava estacionado perto da garagem de ônibus da Real [que fica às margens da Avenida Brasil]. Estão dando tiros pelas ruas e revistando telefone celular de morador".

Por causa da movimentação policial, 37 escolas municipais suspenderam as aulas no Complexo da Maré. Na Cidade Alta, 7 unidades da rede fecharam as portas. Ao todo, são 15.291 alunos sem estudar nesta quarta-feira.

Parlamentares criticam violações

Nas redes sociais, a deputada estadual Renata Souza (Psol) criticou as supostas violações praticadas pelos policiais.

"Esse é o 3° dia de operação policial na Maré. Já são 3 dias de tensão e medo, com tiroteios intensos e relatos de violações. Os resultados até agora não se mostraram. Enquanto na Barra da Tijuca 47 fuzis foram apreendidos sem nenhum tiro disparado, pra favela sobra o terror", escreveu.

Já a vereadora Mônica Cunha (Psol) afirmou que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Vereadores, da OAB-RJ, da Alerj e a Defensoria Pública do Estado estão recebendo várias denúncias de supostos crimes de arbitrariedade.

"Estão acontecendo as mesmas violações de sempre: invasões, revistas de casas e bagunçando as residências. As pessoas estão avisando para a gente. Diversas instituições de Direitos Humanos estão recebendo essas denúncias através dos moradores", informou ao g1.

As polícias Militar e Civil ainda não responderam aos questionamentos da reportagem.

G1

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