Tiroteio deixa seis pessoas mortas em Manguinhos, zona norte do Rio
Nas redes sociais, circulam imagens de homens feridos sendo carregados na traseira de uma caminhonete. A troca de tiros chegou a causar interrupção nos serviços de trem na região
Um tiroteio na região de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro, terminou com seis pessoas mortas nesta terça-feira 12. Segundo a Polícia Civil, o conflito foi iniciado após uma equipe do Esquadrão Antibombas ser alvo de um ataque ao passar pelo local.
Moradores da região relatam que uma operação policial iniciada já nas primeiras horas da manhã desencadeou o conflito. Em divulgações oficiais, no entanto, não há menção a uma operação na região. Em nota, a Polícia Civil fala apenas em um ataque aos membros da equipe e o deslocamento de um grupo de apoio após o caso.
Vale registrar ainda que, apesar de não mencionar a operação, o texto curto divulgado pela polícia sobre o caso contabiliza resultados de apreensão, algo típico ao fim das incursões oficiais. Nesta terça, segundo o registro, foram apreendidas ‘pistolas, carregadores, rádios comunicadores, aparelhos de telefone celular e grande quantidade de drogas’. A quantidade de cada item não foi detalhada.
Entre o material apreendido, até o momento, estão pistolas, carregadores, rádios comunicadores, aparelhos de telefone celular e grande quantidade de drogas.
— Polícia Civil RJ (@PCERJ) July 12, 2022
A Polícia Militar do estado também não menciona operação em Manguinhos. Nos canais oficiais consta apenas uma foto de uma viatura com a informação de que reforçou o patrulhamento na região após os tiros. Os mesmos canais registram outras operações da PM fluminense na Zona Norte, nas comunidades de Juramento e Ficap. Há ainda um registro de apreensão de drogas no Jacarezinho.
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento no entorno da Comunidade de Manguinhos e, também, nas principais vias da região, na tarde desta terça-feira (12|07). pic.twitter.com/UXIxV3Io4O
— @pmerj (@PMERJ) July 12, 2022
O governador do Rio de Janeiro Claudio Castro (PL) também usou as redes sociais para repercutir o caso. Assim como fez as polícias do estado, não mencionou o termo operação para se referir ao episódio. Em sua publicação, Castro ainda disse que dois homens foram presos em flagrante:
Na ação, a @coreoficial também foi atacada a tiros e houve confronto. Dois traficantes foram presos em flagrante e os criminosos alvejados foram socorridos para unidades de saúde próximas. Não vamos tolerar ataques como esse contra quem defende a população do nosso estado!
— Cláudio Castro (@claudiocastroRJ) July 12, 2022
No episódio desta terça-feira, os tiros intensos chegaram a causar a interrupção da circulação de trens na região. De acordo com a Supervia, a circulação dos veículos foi normalizada ao fim da manhã.
Corpos em caminhonete
Nas redes sociais, circulam imagens de homens feridos sendo carregados na traseira de uma caminhonete supostamente da polícia. As informações até o momento também dão conta de que os seis feridos que estariam no veículo foram levados até à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, mas não resistiram.
A identidade, idade e gênero das seis pessoas mortas ainda não foram divulgadas oficialmente. Nas imagens, no entanto, é possível ver homens negros e jovens sendo carregados no veículo.
Acabei de ver 4 pessoas negras mortas e ensanguentadas numa picape da polícia. É resultado de uma operação que acontece nesta terça-feira em Manguinhos, Zona Norte do Rio. Cara…
— laerte (@brenolaerte) July 12, 2022
AGORA: 5 pessoas foram mortas durante uma operação da civil em Manguinhos nesta manhã de terça-feira(12). #URGENTE pic.twitter.com/RarrOCxa8W
— Voz das Comunidades (@vozdacomunidade) July 12, 2022
Políticos locais denunciam a violência policial no caso. “Mal digerimos uma história e hoje já acordamos com relatos de mortos na comunidade de Manguinhos que foi surpreendida com uma ação do BOPE logo pela manhã. A política de extermínio da juventude favelada do bolsonarista Cláudio Castro não dá um dia de paz”, escreveu Monica Benicio, vereadora do PSOL no Rio.
Renata Souza, a líder do partido na Assembleia Legislativa do estado, também mencionou nas redes sociais a violência na ação. “Corpos ensanguentados numa picape da polícia, crianças passando ao lado de um corpo estendido no chão. Oq acontece hoje na Favela de Manguinhos é um verdadeiro banho de sangue com aval do governador Claudio Castro. Mais uma chacina pra conta”, escreveu a parlamentar.
Já a deputada estadual Dani Monteiro (PSOL-RJ) garantiu que o caso está sendo analisado pela Comissão de Direitos Humanos da Alerj para que providências possam ser tomadas.
Carta Capital