Termômetro: deputados divergem sobre proposta de 'superferiadão'
Governador em exercício, Cláudio Castro, se reúne com parlamentares para explicar proposta e angariar apoio; deputados ouvidos pelo DIA querem restrições mais rígidas
Rio - O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, se reúne com deputados estaduais às 16h para tentar apoio às medidas restritivas defendidas pelo núcleo do Estado. Entre elas, a adoção de um 'superferiadão' de dez dias, entre o dia 26 de março e o dia 4 de abril, Domingo de Páscoa. A proposta, que ainda não foi protocolada, precisa de aprovação da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Deputados ouvidos pelo DIA divergem sobre a antecipação do feriado. Para boa parte deles, é preciso ir além e aderir a regras mais duras do que as defendidas por Castro.
A reportagem ouviu parlamentares de diferentes frentes políticas, e há o consenso de que medidas precisam ser adotadas. As divergências estão na estratégia. Parte dos deputados estaduais só são a favor do feriadão se ele vier associado a restrições mais duras, como a abertura apenas dos setores considerados essenciais.
Já Castro defende o decreto que vigora atualmente: o comércio pode permanecer aberto, incluindo o setor de bares e restaurantes, até às 23h; e a permanência de pedestres é proibida entre 23h 5h. Mais cedo, o governador em exercício foi alfinetado por Eduardo Paes, que chamou de 'CastroFolia' a ideia de manter estabelecimentos abertos durante a antecipação dos feriados.
Confira a opinião de alguns dos deputados:
A favor
"É questão de saúde pública reduzir o número de pessoas em circulação nas ruas, além de ser menos prejudicial aos comércios e trabalhadores do que um lockdown total. Sou a favor dos feriados", afirma o vice-presidente da Alerj, deputado Jair Bittencourt (PP).
"Acima de tudo, nossa preocupação é com a vida das pessoas. Ainda não tive acesso ao teor do projeto de lei, mas sou favorável à antecipação do feriado como medida preventiva para conter o avanço da pandemia no Estado do Rio de Janeiro", disse Célia Jordão (Patriota).
"A favor. Sabemos que para a economia não é bom, mas o momento é crítico e precisamos de uma ação conjunta entre o Estado e os municípios para que possamos preservar vidas e evitar o aumento do número de casos", opinou Franciane Motta (MDB).
"Sou favorável. Para enfrentar a Covid-19, temos que ampliar o distanciamento social. Ter mais testagem, vacinas e aplicar o uso da máscara corretamente. O negacionismo da Ciência transformou o Brasil numa bomba atômica virótica, que dizima a saúde do povo brasileiro e ameaça o planeta", disse o parlamentar Carlos Minc (PSB).
O deputado estadual Rosenverg Reis (MDB) também votará favorável.
A favor, com ressalvas
"Eu acho que o feriadão pode ser uma estratégia válida para enfrentar a covid-19 nesse momento gravíssimo em que a pandemia se encontra. Agora, feriadão sem a adoção de medidas muito restritivas pode não ajudar. Não adianta fazer o feriado e manter tudo aberto, as pessoas se sentirem liberadas para irem em qualquer lugar. Acho que o feriadão é válido se combinado com a adoção do máximo de restrições possível, especialmente na Região Metropolitana. Sem isso, o feriadão pode não ajudar e até atrapalhar", opinou o deputado Waldeck Carneiro (PT).
"Somos a favor caso apenas os serviços considerados essenciais funcionem. Serviços essenciais articulados com o pagamento do já aprovado auxílio emergencial estadual. Antecipar feriado com bares abertos só tende a piorar as coisas", avaliou Eliomar Coelho (PSOL).
A deputada estadual Enfermeira Rejane (PC do B) também é a favor, mas só se o 'superferiado' vier "acompanhado de outras medidas".
Contra
"Antecipar feriado como quer o governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, não é o melhor pois paralisa setores que estão em trabalho remoto, e não aglomeram e não paralisa setores que precisam parar, como bares e shoppings. Certo é decretar paralisação das atividades não essenciais e deixar de negacionismo", afirmou Flávio Serafini (PSOL).
"Sou contra. Não adianta decretar um 'feriadão' sem restrições reais e sem a garantia de renda para as pessoas. Uma sinalização equivocada, já que shoppings, bares e restaurantes estarão abertos. Só confunde as pessoas", analisou a deputada Renata Souza (PSOL).
O Dia