Relatório da Comissão da Mulher aponta que servidoras da Alerj estão entre vítimas de violência doméstica
Renata Souza, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, foi testemunha de assinatura de uma parceria da Secretaria estadual da Mulher com a UFRJ e com a Fundação José Bonifácio. Documento garante o funcionamento do Observatório do Feminicídio do Estado do Rio de Janeiro
Com a filha Rubi, de 2 meses, ao colo, a deputada estadual Renata Souza, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj, esteve hoje no Palácio Guanabara para servir de testemunha da assinatura de parceria da Secretaria estadual da Mulher com a Cátedra Patrícia Acioli, da UFRJ, e com a Fundação José Bonifácio, que vai garantir o funcionamento do Observatório do Feminicídio do Estado do Rio de Janeiro.
Renata, que vai lançar em breve o relatório bianual da Comissão da Mulher, adiantou para a coluna alguns dados: 72,3% das mulheres atendidas na Sala Lilás desde 8 de março de 2023 são negras, índice acima dos percentuais nacionais. O relatório do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, por exemplo, informa que, em 2023, 63,6% das vítimas de violência de gênero no país eram negras. Outra curiosidade: entre os 366 casos atendidos e acompanhados até hoje na Sala Lilás, há servidoras da própria Alerj, vítimas de violência doméstica.
"Esse percentual maior de vítimas negras da violência de gênero pode se explicar pela sobreposição de opressões que uma pessoa pode sofrer em nossa sociedade. O conceito da interseccionalidade ajuda a entender o modo como o racismo potencializa a vulnerabilidade de uma mulher à violência patriarcal. Conforme a cor mais escura da pele, a mulher tende a ficar ainda mais vulnerável à violência de seus companheiros ou ex-companheiros e com menos recursos ou apoio para enfrentá-la. Por isso é essencial que sejam fortalecidas as políticas públicas de proteção e defesa da mulher", disse a parlamentar.
O Globo