PSOL apela às instituições para conter violência às suas parlamentares
Os seguidos relatos e casos de violências diversas contra as parlamentares do PSol em todo o país levou o partido a criar recentemente uma Secretaria de Segurança Militante, para cuidar especificamente desse assunto.
São histórias de racismo e de ações vinculadas à LGBTfobia, que geram receio nas parlamentares do PSol com a proximidade das eleições. Foi elaborado um documento, a ser encaminhado a autoridades, que cobra uma iniciativa concreta de proteção e combate à violência política.
No encontro, as parlamentares relataram casos de assédio, agressões, ameaças de morte, tentativas de atentados interceptados e perseguição. O receio é de que esses ataques aumentem com a campanha eleitoral e atinja também assessorias e militância.
“Mesmo que todos os casos tenham sido denunciados e investigados – alguns já são inquéritos em andamento – , essas violências se multiplicam à medida que não há a responsabilização devida aos agressores” – informa o PSol em um documento sobre o encontro.
Da reunião, saiu um ofício que será encaminhado ao STF, TSE, OAB, CNJ e PGR e Procuradoria Eleitoral, O ofício, assinado por esses parlamentares será encaminhado ao STF, TSE, OAB, CNJ, PGR, Procuradoria Eleitoral (PGE), presidências da Câmara e do Senado, presidências das Comissões de Direitos Humanos das duas Casas, e também seguirá para a ONU e OEA.
“O Estado precisa dar uma resposta sobre o avanço da violência contra a nossa presença na política. Somos mulheres eleitas democraticamente e corremos o risco de não conseguirmos exercer nossos mandatos. Não é razoável que tantas de nós sejamos alvo de ameaças às nossas vidas e que o poder público não tome medidas efetivas para parar essa onda” – afirmou a deputada Talíria Petrone (PSol-RJ), que necessita de escolta pela segunda vez. Ela circula com segurança por conta de ameaças.
“Os espaços da política precisam acostumar com a nossa presença, porque nós chegamos para ficar. Eles não toleram nossos corpos, nossa política, nossas ideias e nossa radicalidade, mas também precisam saber que não nos calarão. Não farão mais política sem nós e esperamos ações concretas do Estado” – completou a deputada.
CASOS DE VIOLÊNCIA POLÍTICA
O PSol listou os casos de violência política contra suas lideranças políticas, ocorridos entre 2017 a 2022. Abaixo, reproduzimos alguns dos casos citados no documento do partido.
Renata Souza, deputada estadual no Rio e Benny Briolly, vereadora em Niterói – “O deputado estadual do Rio de Janeiro, Rodrigo Amorim, atacou, de forma machista, racista e transfóbica Renata Souza e Benny Briolly. Numa sessão ordinária na Assembleia Legislativa, em 17 de maio desse ano, durante discussão com a deputada Amorim chamou a vereadora Benny Briolly, primeira mulher trans eleita para um cargo legislativo no Rio de Janeiro, de “boizebú”, e disse “que ela seria uma aberração da natureza”. O mesmo Amorim também usou a tribuna da Alerj para fazer insinuações caluniosas e difamatórias contra Renata Souza, líder do PSOL na Assembleia. “Quanto a senhora lucrou vendendo as memórias e confidências de Marielle?”. O deputado Amorim foi eleito após quebrar uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, junto com Daniel Silveira, preso e condenado pelo Supremo Tribunal Federal, e ao lado de Wilson Witzel, ex-Governador do Rio de Janeiro – que sofreu impeachment em abril de 2021″.
Bruna Biondi, vereadora em São Caetano do Sul (SP) – “A vereadora, que representa o mandato coletivo Mulheres por Mais Direitos, teve seu endereço divulgado pelo vereador Gilberto Costa (Avante), líder do governo do prefeito José Aricchio Júnior (PSDB) na Câmara Municipal. O parlamentar divulgou o endereço de familiares da vereadora do PSOL , estimulando que crimes de ódio fossem cometidos contra a parlamentar e sua família”
Matheus Gomes, vereador em Porto Alegre (RS) – “O vereador sofreu nova ameaça de morte durante o recesso parlamentar de fim de ano. A mensagem foi enviada para o e-mail institucional do parlamentar em 27 de dezembro. No início de dezembro de 2021, ele e os demais integrantes da Bancada Negra da cidade (Karen Santos e Laís Camisolão, ambas do PSol – representante do Nós Mandato Coletivo -, Laura Sito (PT), Bruna Rodrigues e Daiana Santos, ambas do PCdoB, haviam sofrido ameaça similar, contendo expressões racistas, homofóbicas e lesbofóbicas. Dessa vez, o autor da ameaça reitera intenção de realizar um ataque a tiros contra a Bancada Negra, mas apenas Matheus recebeu. O vereador já acionou a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul”.
Isa Penna, deputada estadual em São Paulo – “A deputada fez um boletim de ocorrência na última quinta-feira (27) após receber um e-mail com ameaças de morte e de estupro, entre outras ofensas direcionadas à parlamentar. No documento registrado na Alesp, a Polícia Civil determinou que a denúncia feita por Isa Penna fosse encaminhada para a Divisão de Crimes Cibernéticos, onde serão apurados os crimes de ameaça e injúria. ‘Ser mulher no Brasil é perigoso. Inclusive, eu me preparo para esse tipo de momento. Fica uma sensação ruim, e me concentro nos protocolos de segurança para não ser pega desprevenida”, disse a parlamentar entrevista ao UOL após ter feito o boletim de ocorrência. Por ser um ano de eleições estaduais e presidencial, a deputada aponta ser provável que esse tipo de ameaça seja cada vez mais frequente daqui para a frente. ‘Não será fácil. A todo momento seremos intimidado.
Metrópoles
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