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Herdeira de Marielle na Alerj diz que Witzel defende "abate criminoso

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Dona de 63.937 votos na última eleição, a deputada estadual Renata Souza (PSOL) abre a porta do próprio gabinete para receber a reportagem do UOL. Uma placa com o nome de Marielle Franco logo na entrada não deixa dúvidas de que o local é ocupado pela ex-assessora da vereadora assassinada em março do ano passado, em um crime ainda não esclarecido pela polícia do Rio de Janeiro. Logo em seu primeiro mandato, Renata tem um desafio e tanto nas mãos: ser a primeira mulher a assumir a disputada presidência da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), no rastro das ameaças de morte sofridas por colegas de partido --além do assassinato de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (RJ) vive sob escolta policial e Jean Wyllys renunciou ao mandato por ameaças que diz ter recebido.

Não por acaso, a parlamentar já cuida da própria segurança nos momentos de lazer. "Olha a quantidade de defensores dos direitos humanos mortos no Brasil... Como não me preocupar? A morte da Marielle deixou claro que não são necessárias ameaças para que comecemos a nos preocupar com isso", afirma, sem detalhar se conta com escolta particular.

"Mulher preta e vinda da favela", como ela mesma se define, Renata Souza é jornalista por formação e pós-doutoranda em comunicação pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e promete não aceitar o discurso do "abate" de criminosos, defendido pelo governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). Antes de tudo, esse discurso é um crime contra a humanidade. O Brasil não tem pena de morte. E, ainda que tivesse, a pena seria dada depois de um julgamento. Ele [Witzel], como ex-juiz, deveria saber disso. O discurso dele encoraja mortes nas favelas, vitima jovens e negros, sim. Não 'engulo' isso de jeito nenhum. Ele propõe o abate? Cadê as propostas dele para a educação e geração de empregos nas nas favelas?

Quanto ao convívio com os 12 deputados eleitos pelo PSL --partido do presidente Jair Bolsonaro--, Renata aposta no republicanismo necessário para levar projetos adiante. "Podemos divergir em tudo, mas precisamos trabalhar juntos quando necessário."... - Veja mais