'Foi a criança mais forte do mundo', diz prima de menina baleada por agente da PRF; familiares e autoridades lamentam morte
Familiares, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e outras autoridades lamentaram a morte de Heloísa dos Santos Silva, a menina de 3 anos baleada após uma abordagem da PRF. Heloísa morreu na manhã deste sábado (16), no hospital em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após 9 dias internada.
O incidente foi no dia 7 de setembro, quando um agente da PRF efetuou disparos de fuzil em direção ao carro em que a família estava no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão preventiva de 3 agentes envolvidos na ação (relembre o caso abaixo).
Menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, foi baleada dentro do carro da família no Arco Metropolitano — Foto: Reprodução
Repercussão
"Você foi a criança mais forte do mundo", disse Lorrany Santos escreveu nas redes sociais sobre a morte da prima. "Acabou o sofrimento meu amor, descanse em paz", completou.
Durante a manhã, ela tinha reforçado pedidos de orações pela garota. “Gente, pelo amor de Deus, só orem pela vida da Heloísa. Só peço isso agora😭😭😭”, postou.
"A dor é grande, é inacreditável", disse Jeovana Dutra nas redes sociais.
Jeovana, de Petrópolis, disse por meio das redes sociais que o caso é 'inacreditável' — Foto: Reprodução/ Instagram
A PRF emitiu uma nota de pesar. “Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda”, disse.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a morte da menina é "algo que não pode acontecer. ""Morreu hoje a pequena Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos, atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população. Algo que não pode acontecer. A dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome para essa perda. Não há o que console. Meus sentimentos e solidariedade aos pais e demais familiares."
Lula publicou mensagem sobre a morte da menina Heloisa — Foto: Reprodução/X
O ministro da Justiça, Flávio Dino, publicou a mensagem de condolências da PRF e disse que o processo administrativo sobre o caso foi instaurado no mesmo dia em que a menina foi baleada, e que já existe um inquérito policial na PF, que será enviado ao Ministério Público Federal e à Justiça. "Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo."
Flávio Dino disse que PF investiga a morte da menina no Rio — Foto: Reprodução/X
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) disse que "um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses - e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais -, merece ter a sua existência repensada".
O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que determinou que a Procuradoria-Geral da União "acompanhe imediatamente o caso para avaliar eventual responsabilização na seara cível".
Publicação feita pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, neste sábado — Foto: Reprodução/ X (ex-Twitter)
"Tristeza imensa", escreveu em uma rede social a deputada estadual Renata Souza, que é presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Deputada estadual Renata Souza lamentou a morte da menina Heloísa — Foto: Reprodução/ X (ex-Twitter)
A Prefeitura de Duque de Caxias e a Secretaria Municipal de Saúde prestaram solidariedade aos familiares da menina pelas redes sociais.
“Lamentamos profundamente e nos solidarizamos aos familiares e amigos da pequena Heloísa”, divulgou a prefeitura.
Prefeitura de Duque de Caxias publicou uma nota de pesar neste sábado — Foto: Reprodução/ Facebook
Entre 2022 e 2023, 15 crianças foram mortas por balas perdidas no estado, desse total, 6 em operações policiais, segundo a ONG Rio de Paz, que acompanha desde 2007 os casos de crianças mortas por armas de fogo.
"O estímulo dado pela própria sociedade, que celebra a guerra e ignora o drama das famílias das vítimas, que vota em candidato que apresenta como promessa de campanha o uso indiscriminado e irracional da força sem a mínima preocupação quanto à observância de protocolos de operações policiais. Portanto, o gatilho da arma usada na morte da menina Heloísa foi apertado não apenas pelo dedo do policial", completou em nota.
Relembre o caso
- A criança estava no carro com os pais, a irmã de 8 anos e uma tia quando disparos foram efetuados contra o veículo. Ela foi atingida por 2 balas de fuzil;
- O pai da menina baleada, William Silva, que dirigia o veículo, disse que passou pelo posto da PRF e não foi abordado em nenhum momento, mas percebeu que uma viatura da polícia passou a segui-lo e ficou muito próximo ao seu carro.
- Foram 9 dias internada no Hospital Adão Pereira Nunes. Ela chegou a fazer cirurgia e sofreu uma parada cardiorrespiratória na quinta (14). A morte foi confirmada na manhã deste sábado (16);
O MPF pediu a prisão dos 3 policiais rodoviários federais envolvidos na abordagem ao carro da família;
- O agente Fabiano Menacho Ferriera admitiu ter feito os disparos que atingiram a menina. Ele disse que a placa do carro da família de Heloísa indicava que o veículo era roubado. Também afirmou ter ouvido disparo de arma de foto e atirou 3 vezes na direção do carro;
- A mãe de Heloísa disse que a família não sabia que tinha comprado um carro roubado. O pai da menina, que estava dirigindo o carro, afirmou que os policiais não sinalizaram para que ele parasse o veículo;
- Segundo a direção da PRF, mesmo sem ocorrer o atendimento do sinal de parada, não é permitido efetuar os disparos;
- O Ministério Público e a Corregedoria da PRF também investigam outro policial que entrou sem autorização no CTI onde Heloísa estava internada abaixo).
G1