Em menos de um mês, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), presidida pela deputada Renata Souza, atendeu três casos de familiares de pessoas que vieram a óbito em decorrência de operações policiais no estado. Assim como nas duas situações anteriores, no terceiro atendimento, realizado nesta segunda-feira (27), foram feitos os encaminhamentos jurídico e psicológico à família do jovem Felipe Rangel dos Santos, morto no dia 21. Na ocasião, Erica Rangel, mãe do rapaz, ainda muito abalada pela perda de seu filho, fez um desabafo: “Eu não desejo essa dor para ninguém. Não desejo que o governador passe pelo que estou passando”.
Os parentes do rapaz de 24 anos, que foi atingido quando saiu de uma festa para comprar bebida, no bairro de Vila Kennedy, classificam o caso como assassinato e pedem esclarecimentos sobre o ocorrido. Após ouvir o relato dos familiares de Felipe, a equipe da comissão os encaminhou para a Defensoria Pública e entrou com uma representação junto ao Ministério Público denunciando o caso e solicitando uma investigação séria e célere.
"O que essas famílias têm em comum é a busca por respostas e por acolhimento. Mesmo sendo evidente que segurança pública não se resolve com mais mortes e sim com investimento em prevenção, inteligência, investigação, o governador Wilson Witzel insiste na Necropolítica, nas operações desastrosas. Tivemos um aumento de 30% da letalidade policial em 2019. E os acontecimentos de janeiro infelizmente já nos mostram que se seguirmos assim, 2020 pode ser pior. É urgente derrotarmos a lógica cruel de tombar corpos nas favelas e periferias", afirmou a parlamentar.
Junto aos familiares, amigos do rapaz vêm organizando tributos ao jovem como forma de homenageá-lo e dar visibilidade a seu caso.
“Felipe era uma pessoa alegre, amiga, que tinha disposição de estar sempre ajudando as outras pessoas (...) tinha sede de viver, gostava de viajar, gostava de estar junto dos amigos e gostava principalmente de ajudar todo mundo”, lembrou Dione Oliveira, o pai do jovem.
"Eu não vou ter paz se eu guardar isso pra mim. Meu filho foi covardemente assassinado", acrescentou. O caso está com a Defensoria Pública e a investigação está a cargo da 34 DP.