Entrega do Prêmio Marielle Franco e Medalha Tiradentes a Muniz Sodré lota plenário da Alerj
Iniciativa da deputada Renata Souza (Psol) reconheceu o trabalho de organizações em defesa dos direitos humanos no Rio
A manhã desta terça-feira (6) foi marcada pela entrega da medalha Tiradentes ao professor Muniz Sodré, da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do Prêmio Marielle Franco de Direitos Humanos para pessoas e entidades que atuam em prol da população fluminense. A iniciativa, do mandato da deputada Renata Souza (PSOL), ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Sodré é um dos maiores pensadores da comunicação do país, autor de uma vasta obra, com destaque para títulos como “Monopólio da fala” e “Pensar nagô”, e é também membro imortal da Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira 33, que pertenceu a Castro Alves.
Prestes a completar 81 anos de idade, Sodré teve covid-19 em 2020, chegou a ser intubado e ficou internado por 40 dias. O professor e jornalista foi homenageado pelo conjunto de sua obra. Renata Souza lembrou da importância do pesquisador para a sua formação e também a contribuição de Sodré para a produção de conhecimento no país.
“O Ubuntu, do eu sou porque nós somos, se revela na sua prática diária, ao lecionar e pensar as escolhas do seu trabalho filosófico e as escolhas dos temas tocados em cada aula de Muniz Sodré. E eu pude, durante seis anos, frequentar as aulas de Muniz Sodré e sei da sua contribuição para o pensamento crítico, para a produção acadêmica e produção do conhecimento”, destacou a deputada, que ressaltou ainda a atuação do intelectual enquanto esteve na presidência da Biblioteca Nacional e construiu 1.800 bibliotecas municipais por todo o Brasil.
O pesquisador recebeu a homenagem e salientou que a medalha é um incentivo para que continue produzindo conhecimento e reflexões sobre a sociedade brasileira.
"A medalha Tiradentes me diz que o sentido original da nação persiste como força de presença nas mentes, nos corações das classes sociais, mas também nas representações parlamentares, persiste na opinião pública. Então, essa medalha é pensada, sentida e imaginada como símbolo cívico. Eu não sou daqueles que acham que o mundo e a sociedade me devam alguma coisa, porque ele [o mundo] já estava aqui antes de mim. O mundo é meu credor, e não devedor. Recebo essa homenagem como um ato generoso e criativo da Assembleia, como um incentivo para que eu persista fazendo o que faço, minhas aulas, meus artigos e meus livros", disse o professor emérito da UFRJ.
Prêmio Marielle Franco
A cerimônia prosseguiu com a entrega do Prêmio Marielle Franco para entidades e personalidades da sociedade fluminense. A jornalista Flávia Oliveira foi uma das homenageadas. Impossibilitada de estar presencialmente no evento, já que foi diagnosticada recentemente com covid-19, Flávia lembrou da trajetória de Marielle e da defesa de seus valores ao receber a premiação.
"Marielle é uma referência em inclusão política e em defesa dos direitos humanos e eu preciso sublinhar que, num estados como o Rio de Janeiro em que a violência contra a população preta e favelada impera, Marielle atuou na defesa dos favelados, dos moradores de comunidade, das mães de vítimas de violência, na busca por justiça por essas vítimas e também ao lado de familiares de policiais abatidos por essa guerra inútil. Marielle foi uma ativista fundamental na defesa do bem-viver para o povo negro”, pontuou a jornalista.
A mãe de Marielle, a advogada Marinete da Silva, também recebeu a homenagem em nome de toda a família. "É uma honra para a gente estar ocupando esse espaço. Cada vez que a gente fala nela [Marielle], além de emocionar, a gente fica honrada", disse.
Além de personalidades, o evento também homenageou o trabalho de organizações que atuam em defesa dos direitos humanos. A Anistia Internacional, representada pela diretora-executiva Jurema Werneck, foi uma das entidades que teve o trabalho reconhecido. A organização está presente em mais de 150 países. "Esse prêmio é uma reafirmação da nossa aliança contra o racismo, o fascismo, contra a violência e pelos direitos humanos no Rio de Janeiro", disse Jurema.
O evento homenageou ainda a Fundação Rosa Luxemburgo, a Redes da Maré, o Instituto Fogo Cruzado, a Justiça Global, o Observatório de Favelas, a Fundação Heinrich Böll, a Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, o Movimento Negro Unificado (MNU), a Coalizão Negra por Direitos, a Criola, o Geledés Instituto da Mulher Negra, a Casa Preta da Maré, o Instituto de Mulheres Negras Herdeiras de Candaces, o Núcleo Piratininga de Comunicação, o Coletivo Papo Reto, a Mídia Ninja, o Bloco Se Benze Que Dá, o Instituto ProMundo, a Casa Resistência Lésbica da Maré, o Instituto Trans da Maré, o Projeto Carolinas, o Absorvendo Amor, a Niyara - Espaço de Acolhimento e Aprendizagem, a AZ Minas, o Mapa das Minas e a Rede Nami.
Já entre militantes e ativistas foram homenageados a professora do Departamento de Segurança Pública – Instituto de Estudos Comparados de Administração de Conflitos (INEAC/UFF) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Jacqueline Muniz; a professora do quadro permanente do programa de pós-graduação em Antropologia do mestrado acadêmico em Justiça e Segurança da UFF, Ana Paula Miranda; o jornalista Rafael Soares; o professor e vice-reitor da PUC-Rio, Augusto Sampaio, e a vereadora e viúva de Marielle Franco, Monica Benício.
Brasil de Fato