Deputada do Rio se abriga de tiroteio e interrompe evento no Complexo da Maré
A parlamentar Renata Souza (Psol) participava de um encontro em uma instituição; segundo a Polícia Civil, uma operação ocorreu no local nesta sexta-feira
Um evento realizado na Casa de Mulheres da Maré, na Zona Norte do Rio, precisou ser interrompido devido a um tiroteio na região, na tarde desta sexta-feira. A deputada estadual Renata Souza (Psol) era uma das convidadas e precisou se abrigar, junto a 70 mulheres que participavam do encontro, por conta dos disparos, que, segundo elas, partiu de um helicóptero da Polícia Civil. De acordo com a corporação, uma operação da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas foi realizada no Complexo da Maré nesta sexta-feira.
Renata Souza, que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), esteve presente no lançamento da pesquisa "Os impactos da violência armada na vida das mulheres da Maré: gênero, território e prática artística”, realizada pela ONG Redes da Maré.
Com o tiroteio, o encontro precisou ser interrompido e as participantes, incluindo a parlamentar, se abrigaram dentro da sede da ONG. Renata afirma que não foi a primeira vez que viveu essa situação, que definiu como "aterrorizante", mas, como deputada, foi a primeira experiência do tipo.
— Como parlamentar, representante do povo, sim, é a primeira situação de perigo real que enfrento junto dos moradores da favela — afirma Renata Souza, que pede um "cessar fogo". — Precisamos de segurança, com inteligência, investigação e prevenção de tiroteios. Não se combate a violência com mais violência. A política de confronto nunca garantiu segurança e paz na favela.
A parlamentar, enquanto estava sentada no chão da ONG, gravou um vídeo em que cobra o governador Cláudio Castro (PL):
— O que a gente está vendo aqui hoje é, de fato, a situação limite. Vivi muito isso aqui no cotidiano e, hoje, viver isso aqui, é a demonstração que o governador Cláudio Castro não garante segurança para quem vive na favela, na periferia.
Segundo a deputada estadual, ela também entrou em contato com Castro por telefone e relatou a situação. O GLOBO procurou o Palácio Guanabara e aguarda um posicionamento.
Em vídeos compartilhados nas redes sociais, circulam imagens de um helicóptero sobrevoando a comunidade, junto ao som de tiros. De acordo com a Polícia Civil, a comunidade recebeu uma operação da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas nesta sexta-feira.
Em nota, o Governo do Estado informou que "policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), que fazem ações diárias no entorno do Complexo da Maré para evitar que cargas roubadas entrem na comunidade, foram atacados a tiros por criminosos da localidade, na Avenida Brasil, em um dos acessos à Nova Holanda. Uma viatura foi alvejada com 4 tiros de fuzil".
A nota informa ainda que "os policiais perseguiram os criminosos, que escoltavam uma carga roubada de polietileno, no valor de R$ 2 milhões, e foi recuperada no interior da antiga garagem de uma empresa de ônibus desativada, na entrada da comunidade. Durante o confronto, os policiais tomaram conhecimento de um atendimento com defensores públicos na comunidade ao lado, no Parque União, e se ofereceram para retirar a defensora do local, mas ela se recusou a entrar na viatura policial. Não há informações sobre feridos."