Deputada denuncia violência policial permanente na favela mais antiga do Rio
Renata Souza (PSOL), presidente da Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria, visitou o Morro da Providência e ouviu relatos de que continuam ocorrendo operações policiais, embora o STF tenha proibido essas ações durante a pandemia
Moradores do Morro da Providência, no Rio de Janeiro, receberam a visita da Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e denunciaram atos de violência policial.
A deputada estadual, Renata Souza (PSOL), presidente da comissão, ouviu vários relatos de moradores da favela mais antiga da cidade, que, inclusive, é área de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), sobre a intensificação da ação violenta da polícia, embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha proibido operações durante a pandemia da Covid-19.
O cenário no local é desolador. As paredes das fachadas das casas mostram inúmeros buracos de balas, em plena região central do Rio.
Além da violação de direitos humanos, representada pela sistemática violência policial, Renata Souza observou que a comunidade se ressente da falta de infraestrutura e de políticas públicas.
Segundo os moradores, faltam escolas e creches, e uma que havia, inclusive, virou a sede da UPP local. Também não existem áreas de lazer para as crianças e adolescentes, além do registro de problemas de esgoto em alguns trechos. Também não há ainda clínica do Programa Saúde da Família em localidades como a King Kong e Pedra Lisa.
Outro problema reclamado pela população local se refere ao insuficiente serviço de limpeza urbana. Não existe coleta de resíduos à altura da demanda, principalmente nas partes mais altas, onde o caminhão da Comlurb não sobe, e não há mais garis comunitários.
“Viemos à Providência por demanda da própria comunidade, por meio de movimentos locais da juventude negra engajada nas ações solidárias durante a pandemia. Encontramos aqui, mais uma vez, a violência do Estado como expressão da pobreza”, relata Renata.
“Quando será que os governos vão entender que a realidade da favela não será superada com tiros de fuzil? Sobram balas, jovens morrem, mas a escassez de políticas públicas não se resolve. Não faz sentido, por exemplo, faltar escola, creche e posto de saúde e terem gastado milhões e removido diversas famílias para instalar um teleférico que não funciona há mais de dois anos”, acrescentou a presidente da comissão, após percorrer diversas comunidades do morro e de encerrar a visita com um encontro na Casa Amarela com os ativistas locais.
A parlamentar se comprometeu em contribuir para promover o acesso da população local ao programa Supera Rio, auxílio emergencial do governo do estado, no valor de R$ 200 mensais, com acréscimo de R$ 50 por filho, no limite a duas crianças por família, podendo chegar a R$ 300. Essa foi a oitava visita técnica da Comissão Especial de Enfrentamento à Miséria da Alerj.
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