Renata Souza: Não seria possível um controle total do vírus em meio a circulação de delegações de tantos países. A acolhida do Bolsonaro a essa demanda é coerente com o (des)governo genocida desse presidente".
Romário Schettino (*) –
Diante da decisão precipitada do governo Bolsonaro, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), do governador Cláudio Castro (PSC), do Rio, e de outros três estados de aceitar a presença da Copa América no país, vários alertas surgiram na Assembleia Legislativa fluminense. Críticas e condenações também em Goiás e no Distrito Federal.
Segundo o vacinômetro do Estado, só na cidade do Rio faltam vacinar, com a primeira dose, 4.704.458 de pessoas. Apenas 30% da população receberam as duas doses, ou seja, 2.043.542, de uma população de mais de 6 milhões e 700 mil vidas.
A deputada estadual Renata Souza, líder da bancada do PSOL na Alerj, disse que “mesmo antes da pandemia vivemos experiências de megaeventos no país com impactos extremamente negativos para os recursos públicos e especialmente para a população mais pobre. Com a pandemia, uma iniciativa dessas como a Copa América nem deveria ser cogitada.”
Renata critica o presidente Bolsonaro: “Mesmo em se tratando de um evento sem público, lidaremos com os riscos notórios de agravamento da contaminação. Não seria possível um controle total do vírus em meio a circulação de delegações de tantos países. A acolhida do Bolsonaro a essa demanda é coerente com o (des)governo genocida desse presidente".
Para a deputada estadual Mônica Francisco (na foto, abaixo), também do PSOL-RJ, as decisões tanto de Bolsonaro quanto do governador Cláudio Castro não fazem nenhum sentido. “Não dá para compreender essa agilidade tão grande para garantir a realização de jogos esportivos num momento ainda tão delicado da pandemia no Brasil, especialmente aqui no Estado do Rio, onde deveríamos estar, neste momento, envidando todos os esforços para a compra de vacina, garantia de vacinação em massa e não promovendo processos de aglomeração, de ocupação de estádios, o que pode acarretar daqui a algum tempo num novo colapso do sistema e ampliação de contaminação e disseminação de novas variantes.”
Ainda segundo a deputada Monica, “o Rio de Janeiro continua com altas taxas de ocupação de leitos de UTI. Já contabilizamos mais 50 mil mortes nos últimos dias em todo o Estado e precisamos garantir que a vacinação possa chegar a um número maior de pessoas, com ampliação dos grupos vacinados. Ainda que houvesse a possibilidade de vacina dos atletas e das comissões técnicas, não haveria tempo hábil para garantir a imunização. Mesmo com a ausência de público, tudo é muito temerário”.
O vereador Luiz Otoni Reimont, do PT-RJ, disse que o governador, que é um aliado incondicional do negacionismo de Bolsonaro, “está numa linha absurda e preocupante quando nós temos os leitos dos hospitais ocupados e a cidade do Rio de Janeiro, percentualmente, com o maior número de mortos do país. Isso é um acinte, um desrespeito, é uma insanidade com o povo carioca”.
Para Reimont (na foto, abaixo), “os vereadores, os deputados estaduais e os deputados federais têm que resistir e exigir que o governador retroceda na sua decisão. Não podemos compreender essa visão caolha de só olhar do ponto de vista da economia. Se a economia continua patinando é porque o governo se negou a vacinar o povo e pregou o seu desapreço à saúde pública. Nós temos que dizer um não à realização da Copa América na cidade do Rio de Janeiro por tudo de perigoso que ela representa neste momento”.
Distrito Federal
Brasília, que será umas das cidades sede da Copa América, tem pouco mais de 10% da população vacinada com a 2ª dose. Por outro lado, ao passo que o GDF envia projeto de lei para prorrogar, até o fim do ano, o estado de calamidade pública no DF, por conta da superlotação de pacientes infectados nos hospitais públicos e privados, o governador Ibaneis Rocha (MDB) se posiciona favorável à realização da Copa América em Brasília, mesmo que os números se mostrem preocupantes.
Apesar da inauguração de três hospitais de campanha no DF, a Covid-19 não dá trégua. Segundo o Portal InfoSaúde-DF, atualizado às 21h16 desta quarta-feira (2/6), 106 pacientes aguardam na fila de espera por um leito de UTI. Nas últimas 24 horas, o DF registrou 801 casos de infecções por Covid-19 e 28 mortes. Ao todo, 407 mil pessoas contraíram o coronavírus na capital federal e 8.720 pessoas perderam a vida.
Na avaliação da presidente do Conselho de Saúde no DF, Jeovânia Rodrigues, os governos distrital e federal cometem um grande erro ao aceitar uma competição dessa magnitude, ainda que sem público.
“É muito preocupante, pois temos ainda alta taxa de ocupação de leitos, pouca testagem, rastreio e bloqueio de contatos na cadeia de transmissão. Por outro lado há pouco avanço na vacinação e vários estados dão sinais de uma nova subida no número de novos casos, e com uma previsão real de terceira onda, na análise de vários epidemiologistas”, aponta.
Goiás
O estado de Goiás, que também será palco para a realização da Copa América, vem apresentando altos índices de contaminação. Nas últimas 24 horas 5.162 novos casos foram registrados. No mesmo período houve 100 mortes, elevando o total de óbitos para 17.267.
O deputado federal Rubens Otoni (PT-GO) criticou a decisão do governador Ronaldo Caiado (DEM) de aceitar o evento no estado. Para ele, a população precisa de vacina, emprego e auxílio emergencial. “Não é hora de circo para desviar a atenção das pessoas e levar mais gente à morte”, disse o parlamentar.
“É um absurdo que o governador aceite sediar a Copa América. Ele, como médico, sabe o risco que é a circulação de profissionais que virão de vários países para trabalhar e fazer a cobertura. Nada contra a Copa América. Se estivéssemos em situação normal eu defenderia a realização dela no Brasil”, acrescentou Otoni
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(*) Com a colaboração de Henrique Teixeira (DF) e Kedma Karem (GO) do jornal Brasil Popular.Diante da decisão precipitada do governo Bolsonaro, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), do governador Cláudio Castro (PSC), do Rio, e de outros três estados de aceitar a presença da Copa América no país, vários alertas surgiram na Assembleia Legislativa fluminense. Críticas e condenações também em Goiás e no Distrito Federal.
Segundo o vacinômetro do Estado, só na cidade do Rio faltam vacinar, com a primeira dose, 4.704.458 de pessoas. Apenas 30% da população receberam as duas doses, ou seja, 2.043.542, de uma população de mais de 6 milhões e 700 mil vidas.
A deputada estadual Renata Souza, líder da bancada do PSOL na Alerj, disse que “mesmo antes da pandemia vivemos experiências de megaeventos no país com impactos extremamente negativos para os recursos públicos e especialmente para a população mais pobre. Com a pandemia, uma iniciativa dessas como a Copa América nem deveria ser cogitada.”
Renata critica o presidente Bolsonaro: “Mesmo em se tratando de um evento sem público, lidaremos com os riscos notórios de agravamento da contaminação. Não seria possível um controle total do vírus em meio a circulação de delegações de tantos países. A acolhida do Bolsonaro a essa demanda é coerente com o (des)governo genocida desse presidente".
Para a deputada estadual Mônica Francisco (na foto, abaixo), também do PSOL-RJ, as decisões tanto de Bolsonaro quanto do governador Cláudio Castro não fazem nenhum sentido. “Não dá para compreender essa agilidade tão grande para garantir a realização de jogos esportivos num momento ainda tão delicado da pandemia no Brasil, especialmente aqui no Estado do Rio, onde deveríamos estar, neste momento, envidando todos os esforços para a compra de vacina, garantia de vacinação em massa e não promovendo processos de aglomeração, de ocupação de estádios, o que pode acarretar daqui a algum tempo num novo colapso do sistema e ampliação de contaminação e disseminação de novas variantes.”
Ainda segundo a deputada Monica, “o Rio de Janeiro continua com altas taxas de ocupação de leitos de UTI. Já contabilizamos mais 50 mil mortes nos últimos dias em todo o Estado e precisamos garantir que a vacinação possa chegar a um número maior de pessoas, com ampliação dos grupos vacinados. Ainda que houvesse a possibilidade de vacina dos atletas e das comissões técnicas, não haveria tempo hábil para garantir a imunização. Mesmo com a ausência de público, tudo é muito temerário”.
O vereador Luiz Otoni Reimont, do PT-RJ, disse que o governador, que é um aliado incondicional do negacionismo de Bolsonaro, “está numa linha absurda e preocupante quando nós temos os leitos dos hospitais ocupados e a cidade do Rio de Janeiro, percentualmente, com o maior número de mortos do país. Isso é um acinte, um desrespeito, é uma insanidade com o povo carioca”.
Para Reimont (na foto, abaixo), “os vereadores, os deputados estaduais e os deputados federais têm que resistir e exigir que o governador retroceda na sua decisão. Não podemos compreender essa visão caolha de só olhar do ponto de vista da economia. Se a economia continua patinando é porque o governo se negou a vacinar o povo e pregou o seu desapreço à saúde pública. Nós temos que dizer um não à realização da Copa América na cidade do Rio de Janeiro por tudo de perigoso que ela representa neste momento”.
Distrito Federal
Brasília, que será umas das cidades sede da Copa América, tem pouco mais de 10% da população vacinada com a 2ª dose. Por outro lado, ao passo que o GDF envia projeto de lei para prorrogar, até o fim do ano, o estado de calamidade pública no DF, por conta da superlotação de pacientes infectados nos hospitais públicos e privados, o governador Ibaneis Rocha (MDB) se posiciona favorável à realização da Copa América em Brasília, mesmo que os números se mostrem preocupantes.
Apesar da inauguração de três hospitais de campanha no DF, a Covid-19 não dá trégua. Segundo o Portal InfoSaúde-DF, atualizado às 21h16 desta quarta-feira (2/6), 106 pacientes aguardam na fila de espera por um leito de UTI. Nas últimas 24 horas, o DF registrou 801 casos de infecções por Covid-19 e 28 mortes. Ao todo, 407 mil pessoas contraíram o coronavírus na capital federal e 8.720 pessoas perderam a vida.
Na avaliação da presidente do Conselho de Saúde no DF, Jeovânia Rodrigues, os governos distrital e federal cometem um grande erro ao aceitar uma competição dessa magnitude, ainda que sem público.
“É muito preocupante, pois temos ainda alta taxa de ocupação de leitos, pouca testagem, rastreio e bloqueio de contatos na cadeia de transmissão. Por outro lado há pouco avanço na vacinação e vários estados dão sinais de uma nova subida no número de novos casos, e com uma previsão real de terceira onda, na análise de vários epidemiologistas”, aponta.
Goiás
O estado de Goiás, que também será palco para a realização da Copa América, vem apresentando altos índices de contaminação. Nas últimas 24 horas 5.162 novos casos foram registrados. No mesmo período houve 100 mortes, elevando o total de óbitos para 17.267.
O deputado federal Rubens Otoni (PT-GO) criticou a decisão do governador Ronaldo Caiado (DEM) de aceitar o evento no estado. Para ele, a população precisa de vacina, emprego e auxílio emergencial. “Não é hora de circo para desviar a atenção das pessoas e levar mais gente à morte”, disse o parlamentar.
“É um absurdo que o governador aceite sediar a Copa América. Ele, como médico, sabe o risco que é a circulação de profissionais que virão de vários países para trabalhar e fazer a cobertura. Nada contra a Copa América. Se estivéssemos em situação normal eu defenderia a realização dela no Brasil”, acrescentou Otoni
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(*) Com a colaboração de Henrique Teixeira (DF) e Kedma Karem (GO) do jornal Brasil Popular.
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