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Foto: Thiago Lontra
Bancada do PSOL ingressa com representação no Ministério Público para questionar ações policiais durante a pandemi
A líder do PSOL na Alerj, deputada estadual Renata Souza, protocolou uma representação assinada por toda bancada do PSOL, no Ministério Público Estadual, questionando as últimas operações policiais que ocorreram em favelas no estado do rio de janeiro: Caixa D’água, Dezoito, Saçu, Urubu, Flexal, Barão, Bateau Mouche, Chacrinha, Vigário Geral, Complexo do Salgueiro- São Gonçalo, Chapadão, Vila Kennedy e Morro dos Macacos-Vila Isabel. O aumento da letalidade policial nos dois primeiros meses do ano é apontado por pesquisa da Rede de Observatórios de Segurança. Foram nove operações que acabaram em chacinas.
“Mesmo o Rio de Janeiro passando por uma das maiores crises sanitárias já vividas nos últimos tempos, a política de morte e sua lógica de confronto é o que dita o modelo de insegurança pública aplicado nas favelas e periferias do estado. Só nos dois primeiros meses de 2021, foram 47 pessoas mortas e 14 feridas em ações policiais, segundo a Rede de Observatório da Segurança do Rio de Janeiro”, disse a deputada Renata Souza.
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a ADPF 635, que suspende as operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia, mas, ainda assim, as operações voltaram a acontecer e tem demonstrado alto grau de letalidade. Segundo os dados divulgados pela Rede de Observatórios de Segurança em março de 2021 citados pela deputada estadual Renata Souza, a letalidade das ações policiais no estado do Rio de Janeiro aumentou "de forma explosiva". Há registros de crescimento das ações policiais que ocorrem sem controle, com massivo uso da violência letal e a volta do padrão de inúmeras mortes decorrentes destas ações.
“Como sabido, vivemos uma pandemia global, em função da propagação do Coronavírus e da COVID-19, fato que exige um processo de prevenção pautado no isolamento social e no processo de reclusão domiciliar decretada por autoridades públicas. Releva destacar que, em um quadro de exceção como este, em que crianças não estão tendo aulas, em que parte relevante da população se encontra em seus domicílios, e um contingente considerável de pessoas precisa acessar livremente os serviços de saúde, incursões policiais deste porte colocam em risco milhares de moradores”, alega o documento entregue ao Ministério Público.
De acordo com a Rede de Observatórios de Segurança, entre novembro e dezembro de 2020 foram registradas 18 mortes e 5 feridos nas operações monitoradas, já nos dois primeiros meses de 2021, alcançamos a marca de 47 mortos e 14 feridos. Contabilizando um aumento oficial de 140% no número de pessoas feridas e 161% no número de pessoas mortas em ações policiais só no primeiro bimestre.
“Além de um grande número de operações resultadas em mortes ou feridos, vemos prioridades de investimentos em armamentos e compras de blindados nume monta de R$10 milhões, em detrimento da vida da população fluminense. Quantas vacinas, leitos abertos e auxílios emergenciais poderíamos garantir com esse dinheiro? São absurdas ações com esse grau de letalidade durante a pandemia. Precisamos barrar essa lógica de morte que ceifa vidas faveladas e periféricas no estado do Rio de Janeiro!”, complementou a deputada Renata Souza.