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Ana Leila Gonçalves fez do seu histórico de vida uma luta cotidiana e assim muda a realidade de muitas pessoas

· Destaques das favelas

Ana Leila Gonçalves faz do seu histórico de vida uma luta cotidiana e muda a realidade de inúmeras outras pessoas no trabalho comunitário que faz em Mesquita.

por Gizele Martins

Ana Leila Gonçalves, nasceu em 06 de dezembro de 1950, no Rio de Janeiro, é mulher negra e da periferia, ela carrega em sua história de vida muitas batalhas cotidianas. Além do trabalho que faz em Mesquita como fundadora e presidente da Associação Centro Social Fusão, Ana é mãe de três filhos (duas meninas e um filho adotivo), tem oito netos, sendo que um faleceu, e tem 12 bisnetos. Na entrevista que fizemos com ela para o ‘Destaques da Favela’ deste mês para a Mandata Renata Souza, ela contou que não teve uma infância fácil, mas a sua história de vida foi transformada em luta e inspira e transforma muitas crianças, jovens e mulheres como ela. Quer conhecer mais sobre Ana Leila e o trabalho que ela realiza até hoje onde mora? Leia abaixo:

No primeiro momento da entrevista ela falou sobre sua história de vida e sobre a família, “fui criada em Belo Horizonte, Minas Gerais. Quando a minha mãe morreu roubaram a gente de casa. Éramos cinco crianças e tomei a responsabilidade de criá-los. Passei fome, pedi esmola e me levantei. Durante um período, eu morei em São Paulo. Foi em São Paulo que minha mãe faleceu. Em 1982, vim para o Rio de Janeiro”.

Durante um período de sua vida, Ana Leila chegou a trabalhar como escrava em uma casa de família. “Nessa casa de família as crianças me chamavam de mãe. Quando eu saí dessa casa, eu arrumei um emprego com salário remunerado”, falou. Ela contou ainda que na época da Jovem Guarda conseguiu um emprego como dançarina, mesmo ainda sendo menor de idade. Anos mais tarde conheceu um rapaz de família tradicional e de alta classe, com ele teve as suas filhas. “Essa família sequestrou as minhas filhas. Para tê-las de volta, tive que tirar o sobrenome delas do registro”, disse.

Depois de algumas entradas e saídas de alguns trabalhos, ela decidiu ocupar um terreno, foi daí que iniciou o seu trabalho comunitário em Mesquita: “Trabalhei na feira, depois casei de novo, passei tudo o que eu tinha conquistado para o nome dele, e quando ele ficou lá em cima me deu um chute. Em 1991 trabalhei como trocadora, depois pedi as contas e virei líder comunitária. Ocupamos uma terra ociosa, era só mato. Eu estava desempregada, e foi aí que me tornei essa liderança que sou até hoje”, completou.

Nesse trabalho árduo que é a de ser líder comunitária, Ana disse que por inúmeras vezes já chegou a ser ameaçada. “Já fui muito ameaçada. Uma hora fugia da polícia, outra fugia da associação de moradores. É um trabalho de muita luta e conquista, consegui reivindicar asfalto, saneamento. Lembro que éramos mil pessoas, hoje somos 25 mil”, contou. Por causa desse trabalho que faz há décadas, Ana Leila é super conhecida por onde passa. “Consegui ser uma articuladora local e internacional. Faço parte do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Tenho as três esferas de governo como parceiros no  trabalho que faço com questões de prevenção na temática de HIV/AIDS”.

Terminando aqui este breve texto sobre o muito que a Ana é e faz, ela descreveu um pouco de como tem sido o trabalho neste período da pandemia. “Com essa pandemia, as pessoas que se inscrevem no curso trazem um quilo de alimento não perecível. Tivemos um caso de uma mãe que tentou suicídio porque não tinha o que comer”. Para suprir algumas necessidades que têm surgido na sua localidade, Ana Leila se cadastrou na Ação da Cidadania e na LBV, no Fórum de Tuberculose, na Rede Nacional de doenças transmissíveis, no Fórum de HIV/AIDS.

Ana durante toda a entrevista mostrou o quanto gosta de fazer o que faz, mas falou ainda que este é um trabalho que deveria ser feito pelos que governam. “Eu gosto de políticas públicas, só que esses governos usam o dinheiro para outros fins. A gente faz o trabalho dos governos tudo no 0800. Se eu sem o poder da caneta eu consigo fazer, imagina se eu tivesse esse poder. A gente consegue sem dinheiro nenhum, a gente arruma dinheiro daqui, a gente arruma dinheiro dali. Os cursos que a gente faz aqui e os outros trabalhos que realizamos salvam vidas e mudam muitas histórias”, concluiu. Aqui foi descrito um pouco do que é Ana. Fato é que não cabem em poucos parágrafos a grandiosidade que é esta mulher, negra, mãe, avó, bisavó e liderança comunitária que faz muita diferença na vida de muitos que moram no seu território.

Quer conhecer mais sobre o trabalho da Ana? Entre nas redes da instituição: 

https://www.facebook.com/associacaocentrosocialfusao