Além de um encontro com a Comissão de Direitos Humanos da Alerj, parentes das meninas Emilly Victoria e Rebecca Beatriz, de 4 e 7 anos, ambas mortas a tiro em Duque de Caxias na última sexta-feira, dia 4, também tiveram uma reunião com o governador em exercício, Cláudio Castro, nesta segunda-feira, dia 7. Estiveram presentes, no Palácio Guanabara, Ana Lúcia Silva Moreira, mãe de Emilly; Maicon Douglas Moreira Santos, pai de Rebeca, e seus avós, Lídia da Silva Moreira Santos e Luís Roberto Santos; acompanhados pela subsecretária de vitimados, Pricilla Azevedo Barletta.
"Quero que a Justiça seja feita. Chega dessa violência dentro das favelas, onde 99% das pessoas são trabalhadoras", afirmou a avó de Rebecca, conforme comunicado do governo do Rio.
Parentes das meninas e vizinhos apontam que o tiro que as matou partiu da Polícia Militar. A corporação nega. No entanto, a Polícia Civil já apreendeu os cinco fuzis e as cinco pistolas dos PMs que estavam no local no período da morte das primas.
"Quero me solidarizar, dizer que isso tem que acabar. Faço um compromisso aqui com vocês, nós vamos atrás dos culpados. Se for agente do poder público, vamos punir severamente do mesmo jeito, me comprometo com a imparcialidade total. Cada família é uma história, um sonho, não é apenas um dado, não é um número. Minha luta é para não perder a humanidade que me trouxe aqui", disse Castro.
As investigações estão a cargo da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que já ouviu os cinco policiais militares em questão. A perícia realiza o exame de balística para apurar de onde partiram os disparos que atingiram as duas crianças. Os parentes de Emilly e Rebecca ainda prestarão depoimento aos investigadores.
A Subsecretaria de Vitimados, ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, afirmou que iniciou suporte e apoio à família das meninas por meio da equipe psicossocial da pasta pouco após o ocorrido.
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"Assim que ficamos sabemos desse caso, entramos em contato com a família. Hoje tivemos a oportunidade de conversar pessoalmente. A necessidade de apoio psicológico aparece muitas vezes dias após o fato, a gente acompanha, acolhe e jamais abandona os familiares", disse Barletta.
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Também participaram do evento integrantes da Defensoria Pública do Estado, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj), da Anistia Internacional, e dos coletivos Movimenta Caxias e Coalizão Negro Por Direitos.
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Mais cedo, a deputada estadual Renata Souza (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos, em reunião com os parentes das vítimas, se comprometeu a enviar um comunicado à ONU com uma atualização sobre o número de crianças e adolescentes assassinadas no Rio.
Segundo dados da ONG Rio de Paz, neste ano já são 12 crianças mortas por balas perdidas, em média uma por mês. Desde 2007, são 79 crianças assassinadas no estado.
A parlamentar ofereceu a eles acompanhamento psicológico e anunciou que encaminhará o caso à Defensoria Pública para assegurar assistência jurídica.
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