Foto: Midia Ninja
No dia 8 de dezembro, completaram 1000 dias de luta por justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes. Um marco duro para todas nós, que reconhecemos em nossas vivências o que é ser mulher negra no Brasil. Nossa presença nos parlamentos é uma afronta àqueles que sempre ocuparam esses espaços. Mas seguimos firmes na certeza de que “eu sou porque nós somos“. Somos luta porque de onde nós viemos somos resistência. Resistência de um povo que vem galgando a duras penas a sobrevivência nas favelas e periferias Brasil afora.
Hoje, 14 de dezembro, são 1006 dias sem Marielle. Desses, convivemos 12 meses com uma pandemia mundial que adoece e mata principalmente a população negra e periférica que, apesar de lutar e nadar contra a corrente, ainda segue com cortes e ausência de direitos. 2020 tem sido um ano muito difícil, com incertezas políticas, sociais e, sobretudo, violento com os corpos negros que avançam e se colocam na linha de frente na busca da construção de uma nova política.
Enquanto enfrentamos a pandemia do novo coronavírus, evidencia-se a ineficácia do governo federal em elaborar medidas para amenizar os efeitos da covid-19, e nós, brasileiras e brasileiros, estamos vendo que a população mais atingida tem cor, sexo e território. É nas periferias, nos rincões, no sertão, nas aldeias e nas comunidades tradicionais que residem as ditas minorias sociais que são mais afetadas e mais desamparadas. Enquanto o número de mortes pelo vírus aumenta, estamos na luta para não chegarmos à casa dos 200 mil óbitos; aumentam também o desemprego, a miséria social, o genocídio de nosso povo e a violência contra as mulheres.
Neste 14 de dezembro seguimos sem respostas, sem justiça, mas na luta. Resistimos, todas nós, e cada dia mais de nós, inspiradas umas nas outras e em você, Mari. Pois ser mulher preta e política no Brasil não é fácil, nunca foi, mas seguimos na luta para que um dia seja.
As eleições deste ano apresentaram um aumento expressivo de violência política. Entretanto, 2020 também nos trouxe esperança, já que nosso partido aumentou o número de vereadoras eleitas, temos agora uma prefeitura em Belém e nossa bancada federal é composta em maioria por mulheres! Além disso, pudemos ver diversas pretas e pretos progressistas eleitos. E com orgulho anunciamos que tivemos um aumento de mulheres trans eleitas.
Elegemos vereadora sapatão, vereadoras pretas e trans, elegemos bancadas feministas e coletivas ecossocialistas. Nossas bandeiras de liberdade, socialismo e a construção de uma nova sociedade vão se espalhar cada vez mais. Vimos suas sementes florescerem, Mari, e se multiplicarem não só no âmbito da política institucional, como também de termos cada vez mais corpos de mulheres negras presentes e atuantes na luta. Saudamos cada uma delas, cada iniciativa que amplifica o fazer político que Mari nos ensinou. Saudamos o Instituto Marielle Franco por seu protagonismo na preservação deste legado de luta, amor e transformação.
Todo dia 14 é um dia de reflexão e de luta, tristeza também, por todas e todos que ousaram levantar a voz contra o sistema que oprime e mata. Nossas bandeiras seguem vivas e pulsantes em nós e mais vozes se somam a pergunta que não quer se calar: Quem mandou matar Marielle?
Não seremos interrompidas! Marielle e Anderson, presente!
Assinam:
Talíria Petrone (deputada federal do PSOL-RJ)
Áurea Carolina (deputada federal do PSOL-MG)
Erica Malunguinho (deputada estadual do PSOL-SP)
Dani Monteiro (deputada estadual do PSOL-RJ)
Andreia de Jesus (deputada estadual do PSOL-MG)
Renata Souza (deputada estadual do PSOL-RJ)
Érika Hilton (vereadora eleita pelo PSOL em São Paulo)
Mônica Francisco (deputada estadual do PSOL-RJ)
Juntas Codeputadas (Mandata coletiva de deputadas estaduais em Pernambuco)
Psol