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13 de abril: dia de celebração e luta para as mulheres do samba

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13 de abril: dia de celebração e luta para as mulheres do samba

“Não chora, meu bem, que dias melhores já vêm”. Num tempo em que atravessamos a pandemia do Coronavírus – a maior dos últimos cem anos -, os versos compostos e cantados lindamente por Dona Ivone Lara, que completaria 99 anos hoje, ecoam em nossos ouvidos como um acalanto, como força para seguirmos na luta.

Vivemos o período mais duro e cruel da crise sanitária e humanitária em nosso país. Hospitais lotados, falta de vacina e um Governo Federal que se recusa a amparar a população e proporcionar isolamento digno aos brasileiros: esse é o grave quadro que enfrentamos.

E nesse cenário crítico, a Cultura é um dos setores mais afetados. E as rodas de samba, cuja a essência e a engrenagem não se reproduzem virtualmente, é uma das manifestações culturais mais abaladas por essa situação.

Produtoras, cantoras, compositoras, instrumentistas, empreendedoras, cozinheiras, djs: são incontáveis as mulheres do samba que são chefes de suas famílias, que sustentam seus filhos com seus trabalhos nas rodas do Rio de Janeiro e de todo o Brasil.

Por esse motivo, a data de hoje, 13 de abril, Dia da Mulher Sambista – instituída como homenagem a Dona Ivone e, consequentemente, a todas as mulheres do samba -, além de ser uma data de celebração, é ainda mais um marco de luta. Um marco de mobilização neste momento de grande dificuldade para este grupo social.

A partir da inclusão da data no calendário oficial do município do Rio, em 2019, e posteriormente a inclusão da Semana da Mulher Sambista, entre 13 e 19 de abril, no calendário do estado, em 2020, fruto de iniciativas legislativas do mandato do vereador Tarcísio Motta e de meu mandato, foi criado por trabalhadoras do samba e veio se fortalecendo cada dia mais o Movimento das Mulheres Sambistas.

O movimento tem como pilares a organização, a formação e a mobilização de mulheres do samba para a defesa de suas pautas e de seus direitos e para a formulação de políticas públicas que atendam a essa coletividade. Com ações que visam o apoio às sambistas, algumas específicas para o enfrentamento à pandemia, o movimento conta com parcerias com instituições ligadas à Educação e à Cultura e, especialmente, com a participação popular.

Nesta semana, um Viradão cultural, organizado pelo movimento, e exibido a partir de hoje em seu perfil no Instagram, reunirá mais de 80 artistas e reverterá toda a sua arrecadação às mulheres do samba que se encontram em estado de vulnerabilidade. É lembrando o legado de Dona Ivone, que, com seu engajamento, deu talento e sua generosidade, abriu caminho para tantas outras, que conseguiremos alcançar novas perspectivas para as trabalhadoras do samba e, como ela nos ensinou, faremos novamente ecoar “em cada canto uma esperança”.

Midia Ninja 

Link da matéira : https://midianinja.org/renatasouza/13-de-abril-dia-de-celebracao-e-luta-para-as-mulheres-do-samba/